ATÉ QUANDO...
Até Quando... Irão morrer inocentes em nosso município...
Crianças e adolescentes ceifados tão cedo por falta de atendimento médico especializado, velhos que não completam seus dias com seus netos e parentes. Quantas vidas sofreram o vazio da perda de um ente querido nestes últimos anos? Não queremos culpar alguém por uma eventualidade ou fazer bodes expiratórios. Quero aqui retratar minha indignação diante de tanta falta de consideração por nossos munícipes.
Tive uma alteração de pressão há dois meses, procurei o pronto atendimento de Pedra Preta para meu espanto a porta estava trancada. Insisti e bati na porta, uma enfermeira veio carrancuda e disse que a entrada era do outro lado. Indaguei se aquela não era a entrada de emergência, ela deu um leve sorriso e disse que ali era apenas, para casos graves. Retruquei e perguntei o que ela considerava um caso grave, pois a minha alteração de pressão mal me deixava em pé e poderia muito bem evoluir para um derrame cerebral ou um infarto.
“Abriram-se as portas da esperança”, ela me encaminhou para um leito, perguntei se havia médico de plantão, ela me disse que sim, mas a médica estava ocupada. Alguns minutos depois ela voltou com meio litro de soro (glicose) e uma injeção de Voltarem. Indignado perguntei: Mas o que é isso? Disse que não tomaria nada sem ser diagnosticado por um médico. Neste momento me falou que já havia dois pacientes lá com os mesmos sintomas que eu e aquela era a medicação padrão. (hoje entendo porque o doente se chama paciente). Assustado, ainda questionei: Mas se eu for diabético, esse soro glicose seria como um veneno pra mim, e se eu tiver alergia a esse medicamento (Voltarem) poderia ter um choque anafilático e morrer. Só então ela me perguntou se eu tinha alguma restrição àquele medicamento.
“Atendido, diagnosticado e medicado” fiquei ali em observação sendo cuidado pela minha esposa, pois sem ela não conseguiria nem chegar ao hospital. Ambulância aqui é uma luta. Após alguns minutos a enfermeira voltou e perguntou se eu estava melhor, chegando ela mesma à conclusão dizendo que eu estava “coradinho”. Então me disse:
_A Doutora falou que se você estiver se sentindo melhor, pode ir embora.
_ A Doutora! Que Doutora?
_ A médica de plantão.
_ Mas ela nem me atendeu, como está me dando alta? Eu preciso de um atestado para apresentar à escola.
A enfermeira sem dizer nada saiu... Alguns minutos depois veio com o atestado em mãos e eu pude ir embora para casa.
FUI ATENDIDO, INTERNADO, DIAGNOSTICADO, MEDICADO, RECEBI ALTA E GANHEI UM ATESTADO por telepatia. “Telepatia é uma nova forma de atendimento num município perto de você”.
Observação: A telepatia não é recomendada para casos grave sujeitos à morte. Nesses casos, recomenda-se dar outro jeito e “se mandar rapidinho” para Rondonópolis ou outra cidade que não seja Pedra Preta.
Sugerimos ainda que aperte o seu orçamento e faça um plano de saúde privado urgente. Nem que seja somente para os filhos, pois eu mesmo não suportaria a morte de um filho meu por negligencia médica hospitalar: FIZ UM PLANO.
Quero reiterar meu total apoio à classe dos enfermeiros de nosso município que são levados a agir negligentemente e serem médicos por tabela, tentando suprir a carência médica de nossa cidade. Com certeza um pesar está sobre seus corações, por sentirem-se impotentes por não terem o que fazer frente algumas situações...
Prof. Evair CLAUDIO de Lara (Diretor de Educação do Conseg)
